Monday, October 28, 2013

Pessoal

Resolvi atualizar o meu blog antes pra me lembrar remotamente em um futuro próximo de minhas escolhas pessoais e o que acredito hoje ser uma capacidade - até retórica - de pensar a sociedade e meu papel nela. Hoje mesmo estava conversando com uma amiga e o assunto ciência surgiu, embora o tema da nossa conversa fosse a relação do veganismo com o senso comum. A conversa me permitiu me expressar de um modo que me parecia até obscuro, sem concretude. Fato é que tenho desconstruído e modificado muitas concepções que antes me eram certas. Os papéis que me atribuem e que atribuo a mim mesmo, num ciclo constante, acabam por reforçar ideologias de classes dominantes, e que sempre foram contra minhas vontades pessoais de liberdade e verdade. A confusão interna sempre me pareceu exagerada, até entender que a reluta constante que ocorre involuntária e inconscientemente é algo recorrente quando penso existencialmente minha vida. Não é mais um processo quando o processo te constitui. A dominância a qual sou condicionado a sofrer pode, e deve, ser rompida pessoalmente para depois se estender à vida social e pública. Dominância essa de raça, sexo, gênero, classe. O controle que sempre julguei ter do meu corpo caiu por terra. A imagem que eu tinha de que as coisas eram como eram foi jogada no lixo. Foi assim que pude, ainda que timidamente, sair do casulo e me tornar alguém menos paciente com as normas que me foram, a vida toda, impostas e que forçosamente vivi. Sem que eu pudesse ver claramente, uma liberdade intelectual, em certo sentido, foi surgindo em questões de mistérios solvidos. Foi tendo a certeza, humilde, de que pouco sei (e que pouco vou saber o resto da minha vida) que sei, hoje, quem vou me construir.

Uma vez minha mãe falou que eu seria um homem culto. Essa responsabilidade que me recaiu sobre as pálpebras a vida toda me empurrou pro abismo da incerteza, pois a característica do inteligente é saber de sua ignorância.