Saturday, November 9, 2013

I don't think about you anymore but I don't think about you anyless

como é difícil
para alguns
envolver-se sem deixar
no outro
um pedaço de si
que falta.

antes tempestuoso
o momento em que se fez
o coração abrir
para estranhos
e entranhos sentimentalismos.

it strikes me again
and again
and again
for no more
exist.

Monday, October 28, 2013

Pessoal

Resolvi atualizar o meu blog antes pra me lembrar remotamente em um futuro próximo de minhas escolhas pessoais e o que acredito hoje ser uma capacidade - até retórica - de pensar a sociedade e meu papel nela. Hoje mesmo estava conversando com uma amiga e o assunto ciência surgiu, embora o tema da nossa conversa fosse a relação do veganismo com o senso comum. A conversa me permitiu me expressar de um modo que me parecia até obscuro, sem concretude. Fato é que tenho desconstruído e modificado muitas concepções que antes me eram certas. Os papéis que me atribuem e que atribuo a mim mesmo, num ciclo constante, acabam por reforçar ideologias de classes dominantes, e que sempre foram contra minhas vontades pessoais de liberdade e verdade. A confusão interna sempre me pareceu exagerada, até entender que a reluta constante que ocorre involuntária e inconscientemente é algo recorrente quando penso existencialmente minha vida. Não é mais um processo quando o processo te constitui. A dominância a qual sou condicionado a sofrer pode, e deve, ser rompida pessoalmente para depois se estender à vida social e pública. Dominância essa de raça, sexo, gênero, classe. O controle que sempre julguei ter do meu corpo caiu por terra. A imagem que eu tinha de que as coisas eram como eram foi jogada no lixo. Foi assim que pude, ainda que timidamente, sair do casulo e me tornar alguém menos paciente com as normas que me foram, a vida toda, impostas e que forçosamente vivi. Sem que eu pudesse ver claramente, uma liberdade intelectual, em certo sentido, foi surgindo em questões de mistérios solvidos. Foi tendo a certeza, humilde, de que pouco sei (e que pouco vou saber o resto da minha vida) que sei, hoje, quem vou me construir.

Uma vez minha mãe falou que eu seria um homem culto. Essa responsabilidade que me recaiu sobre as pálpebras a vida toda me empurrou pro abismo da incerteza, pois a característica do inteligente é saber de sua ignorância.

Monday, March 25, 2013

"Come on, give us a smile"



"I didn't want my picture taken because I was going to cry. I didn't know why I was going to cry, but I knew that if anybody spoke to me or looked at me too closely the tears would fly out of my eyes and the sobs would fly out of my throat and I'd cry for a week. I could feel the tears brimming and sloshing in me like water in a glass that is unteady and too full."

***
"I crawled back into bed and pulled the sheet over my head. But even that didn't shut out the light, so I buried my head under the darkness of the pillow and pretended it was night. I couldn't see the point of getting up."

***
"Lately I had considered going into the Catholic Church myself. I knew that Catholics thought killing yourself was an awlful sin. But perhaps, if this was so, they might have a good way to persuade me out of it."

***
"A bad dream.
To the person in the bell jar, blank and stopped as a dead baby, the world itself is a bad dream." 


quotes from The Bell Jar, by Sylvia Plath

Saturday, February 16, 2013

vai sofrer

Pergunte pro seu Orixá
Amor só é bom se doer

Pergunte pro seu Orixá
Amor só é bom se doer

Tuesday, January 29, 2013

noite

"Que a noite caia
De repente caia
Tão demente
Quanto um raio
Que a noite traga
Alívio imediato"

Que a noite [me] traga alívio imediato.

Sunday, January 27, 2013

my cat is sad

my cat is sad
no one else in his family is a cat
we are all humans except for him
he is excluded from most things
and no one else tells him why
he just wants to play
and be loved
he looks at us with wonder
and disappointment
he says hello i am a cat what is my existence
what is that / why it and not me / please can you look at me
and love me too
can i have some of your food please im sorry i dont like my
food so much
do you want to play with my toys? this one is my favorite
do you like me
are we brothers
why didnt i grow up
why am i so small
can you help me be happy
where are you going

Wednesday, January 9, 2013

Os muros absurdos

Para um homem, compreender o mundo é reduzi-lo ao humano, marcá-lo com o seu selo. O universo do gato não é o universo do formigueiro. O truísmo de que "todo pensamento é antropomórfico" não tem outro sentido. Assim também o espírito procura compreender a realidade só pode se considerar satisfeito se a reduz em termos de pensamento. Se o homem reconhecesse que também o universo pode amar e sofrer, ele estaria reconciliado. Se o pensamento descobrisse nos espelhos cambiantes fenômenos, relações eternas que pudessem resumi-los e se resumirem elas próprias num princípio único, se poderia falar de uma felicidade do espírito de que o mito dos bem-aventurados seria apenas um ridículo arremedo. 


Camus, A. O Mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara, 1989